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Os dois policiais militares presos por suspeita de envolvimento nas mortes da advogada Rafaela Vasconcelos, 34 anos, e da mãe dela, Maria Socorro dos Vasconcelos, 78 anos, já eram investigados por homicídio e extorsão.
O crime que deixou as duas mulheres mortas ocorreu em Morrinhos, no interior do Ceará, na sexta-feira (24). As vítimas foram sepultadas no sábado (24), mesmo dia em que foram capturados o sargento Amaury da Silva Araújo e o soldado Daniel Medeiros de Siqueira.
O sargento Amaury é investigado desde 2018, por extorsão. Ele foi preso na praça de alimentação de um shopping no Bairro Edson Queiroz, em Fortaleza, flagrado extorquindo dinheiro de um homem em razão de uma dívida. A vítima relatou à polícia que estava sofrendo ameaças.
Na ocasião, o agente foi solto em uma audiência de custódia, sob a condição de cumprir medidas cautelares, como proibição de manter contato com a vítima e não poder deixar a capital. O processo segue em andamento no Tribunal de Justiça do Ceará, com a última movimentação em novembro de 2022.
O sargento foi preso novamente em novembro de 2019, na companhia de outros três policiais, por suspeita de assassinar um jovem de 21 anos, no Bairro Jangurussu, também na capital. Ele foi posto em liberdade após o período da prisão temporária se esgotar. O caso de homicídio segue tramitando.
Extorsão de R$ 20 mil
Já o soldado Daniel foi preso em 2020, na companhia de outros dois policiais militares, por suspeita de extorquir de um homem no Bairro Nossa Senhoras das Graças, em Fortaleza.
Segundo a denúncia do Ministério Público, os agentes, com a desculpa de apurar uma denúncia de que um indivíduo estaria mantendo equipamentos hospitalares de procedência controversa, foram até a casa da vítima, onde funcionava uma oficina, e exigiram R$ 20 mil para não fazerem o procedimento legal.
A vítima, diante da exigência dos agentes públicos, entregou R$ 2 mil em espécie aos policiais e combinou o pagamento da quantia restante posteriormente. O homem ainda conseguiu R$ 12 mil por meio de saques bancários e dinheiro emprestado por familiares. Após entregar a quantia aos PMs, o homem se sentiu lesado e denunciou o caso.
Ainda de acordo com a denúncia, os militares não registraram a ocorrência da suposta denúncia dos equipamentos hospitalares e não usavam identificação funcional no momento da abordagem, em desacordo ao regulamento da corporação. Além disso, um dos PMs ainda usava uma balaclava, "equipamento de proteção permitido apenas aos membros do Gate".
A denúncia contra o soldado Daniel e os outros policiais por extorsão foi recebida pela Justiça em março de 2022 e ratificada em outubro do mesmo ano. O processo aguarda o início da fase de instrução e julgamento.
Investigação
Sobre as mortes da advogada Rafaela e da mãe dela, a Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD) informou que, através da Delegacia de Assuntos Internos (DAI), autuou em flagrante os policiais militares suspeitos do crime. O órgão disse também que instaurou procedimento disciplinar para apuração na seara administrativa.
Uma moto preta sem placas, usada no crime, foi localizada e apreendida. A partir dessa informação, a Controladoria disse que a polícia intensificou o trabalho investigativo, e exatamente no mesmo lugar onde a moto usada no delito foi abandonada, os dois policiais militares foram abordados.
O órgão informou que os militares presos estavam em um carro, onde foram localizados dois capacetes. Os objetos apreendidos, além de aparelhos celulares, foram encaminhados à Perícia Forense.
A Controladoria segue com as investigações em andamento, objetivando identificar as participações de outras pessoas no crime. Os militares estão à disposição da Justiça.
Em nota, a Secretaria da Segurança afirma que a polícia investiga o caso e procura os autores do crime. A pasta não informou a motivação do duplo homicídio.
Sepultamento
A advogada faria aniversário de 35 anos, no sábado. Rafaela Vasconcelos foi atingida diversas vezes, uma delas, inclusive, no rosto, e morreu no local.
A mãe dela, Maria do Socorro, chegou a ser socorrida e foi levada ao Hospital Municipal de Morrinhos, mas não resistiu aos ferimentos e morreu.
As duas foram veladas no ginásio da Escola Coronel Virgílio Távora, com missa de corpo presente na Igreja Matriz de Morrinhos. Em seguida, houve o sepultamento no cemitério da cidade.
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